03/05/2018
Participei na última semana de um seminário sobre compliance promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em Belo Horizonte. Como gerente da área na Samarco, tenho sempre procurado compartilhar nossas experiências e aprendizados sobre o tema, cada vez mais inerente aos dias atuais. Além disso, entendo que é imprescindível promovermos o valor integridade para além dos ambientes da empresa, mostrando que ele sempre pautou nossa conduta.
O que para muitas empresas pode ser algo novo, sempre fez parte da história da Samarco, se tornando algo estruturado dentro da organização a partir de 2002, quando a empresa criou o seu código de conduta. Foi a partir daquele momento que foi iniciada a construção de um programa de compliance. Nosso engajamento com o tema tem sido contínuo e constante. Em 2011, antes da edição da Lei 12.846/13, mais conhecida como lei anticorrupção brasileira ou da empresa limpa – já tínhamos uma política de prevenção à fraude e corrupção.
Recentemente, os nossos laços de confiança foram postos a prova com o rompimento da barragem de Fundão, o que nos fez refletir e aprimorar muitos aspectos da nossa gestão, além de buscar estudos e debates que nos mostrem caminhos para tornar o nosso programa de compliance cada vez mais eficiente. Dessa forma, aprimoramos cada dia mais nossas iniciativas, controles e práticas sobre o tema.
Acredito que estamos no caminho certo. Há pouco, a Samarco – mesmo vivendo uma grande crise, que desafia tanto os nossos valores – figurou em uma lista de estudo inédito feito pela organização Transparência Internacional Brasil, quando ocupou o 31º lugar em transparência entre as 100 maiores empresas brasileiras. A pesquisa, feita em 2017 e publicada neste ano, buscou identificar como as maiores corporações no país estão evoluindo em seus padrões de transparência e prevenção à corrupção. A Samarco alcançou a nota 8,5 no quesito programa anticorrupção, sendo a nota média 6,5 para esse quesito.
A prática constante e disciplinada do valor integridade não é tarefa fácil. Conhecer bem fornecedores e parceiros, alinhavar relações éticas com o setor público e privado, fugir de qualquer hipótese de favorecimento em licitações, obtenção de licenças ou celebração de contratos, expor potencial conflito de interesse e se afastar da mera aparência de irregularidade demanda um senso ético e uma firmeza de propósito que são árduos de serem concretizados em todas as ações de uma companhia.
No caso da Samarco, em especial, estou convicta de que esse caminho é fundamental para reatarmos laços de confiança com os diversos públicos que nos relacionamos. Temos procurado adotar as melhores práticas de compliance, trazendo o tema para o dia a dia do empregado.
Ministramos, de forma periódica e obrigatória, treinamentos sobre o tema para os nossos empregados. Um exemplo disso é o curso sobre interface com o poder público que estamos aplicando para todos os empregados que possuam algum tipo de interação com esses “atores”, incluindo desde analistas até membros da diretoria da empresa. Entendo que implementar boas práticas de compliance depende e muito da conscientização de todos os empregados, parceiros e líderes.
Costumo dizer que compliance não é um departamento que as empresas possuem, mas sim um valor que influencia o comportamento das pessoas em prol da integridade e é, exatamente isso, o que a Samarco seguirá buscando.
Roberta Porto
Gerente de Compliance e Riscos e Ouvidora