Nova Santarém, 2019

Barragens

A Samarco mantinha, até 5 de novembro de 2015, duas barragens para estocagem dos rejeitos resultantes do processo de extração e beneficiamento do minério de ferro em sua unidade de Germano (MG). A mais nova delas era a de Fundão, inaugurada em 2008, com estocagem de 55 milhões de metros cúbicos.

As barragens foram construídas em linha com a Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei 12.334/2010), com inspeções de segurança próprias e equipes de operação em turno de 24 horas, para manutenção e monitoramento. As licenças de operação eram regularmente concedidas pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (SUPRAM) – a última inspeção antes do rompimento foi realizada em julho de 2015. Em setembro do mesmo ano, laudos foram entregues para os órgãos competentes, indicando condição operacional segura para as barragens.

Lamentavelmente, mesmo com os procedimentos de gestão de riscos associados às barragens, essas medidas não foram capazes de antever o rompimento.

Mediante o rompimento da barragem, a Samarco executou o seu Plano de Ação Emergencial de Barragens de Mineração da Samarco, apresentado ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), e o processo produtivo de Germano foi imediatamente interrompido.

Houve dois embargos em Germano: um do DNPM, sobre as operações das barragens e das Unidades de Tratamento de Minério (UTM), e outro da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) junto com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), sobre as operações como um todo, salvo para as atividades consideradas emergenciais (como obras de reforço estrutural). Na unidade de Ubu, em Anchieta (ES), não houve embargo em decorrência do rompimento.

Entenda quais são e como funcionam as estruturas de uma barragem:

infografico

  1. Dique principal ou barramento: estrutura construída por taludes com a função de conter rejeitos.
  2. Crista: local onde se inicia a disposição do rejeito arenoso e ponto mais alto da barragem.
  3. Reservatório de rejeito arenoso: local onde ocorre a disposição de rejeito arenoso gerado no processo de beneficiamento.
  4. Reservatório de rejeito fino (lama): local onde ocorre a disposição de rejeito fino gerado no processo de beneficiamento.
  5. Diques auxiliares: estruturas que servem para delimitar as áreas de disposição de rejeito e permitir um manejo adequado.
  6. Ombreira: terreno natural onde a barragem se encaixa.
  7. Vertedouro: estrutura que permite a saída de água do reservatório.*
  8. Drenagem interna: estrutura que permite que a água seja drenada pelo sistema de drenos internos.*

*A água que sai do sistema de drenagem interna e a água do vertedouro são levadas para o curso natural do córrego, no fundo dos vales, onde podem ou não ser captadas e reutilizadas no processo de beneficiamento do minério de ferro. No caso da Samarco, as águas são tratadas, sendo uma parte reutilizada no processo produtivo e o restante retornado ao meio ambiente.

 

No processo de beneficiamento do minério de ferro, o material extraído durante a atividade mineradora é separado: o minério segue para a produção das pelotas e a mistura de água, partículas de óxidos de ferro e sílica ou quartzo – chamada de rejeito – é descartada.

À medida que o rejeito é depositado, a parte sólida se acomoda no fundo da barragem e a água decanta. A água então é drenada e tratada, com parte sendo reutilizada no processo de mineração e o restante devolvido ao ambiente.

A composição do rejeito não contamina a água e não representa risco para a saúde humana. Entenda qual a composição do rejeito neste vídeo: